segunda-feira, 28 de abril de 2008

2ª História de Corridas! Orlando Duarte!!!

Porque comecei a correr?

A Minha modalidade favorita era o ciclismo por via da grande festa da Volta a Portugal. Vivia num bairro pobre da periferia da cidade de Lisboa. Como não tínhamos bicicletas, arranjávamos caricas, colocávamos no seu interior cascas de fruta, para podermos distinguir qual era a nossa "bicicleta", desenhávamos uma pista no chão, com curvas, subidas, descidas, pontes etc. etc. e ali estávamos horas e horas naquelas corridas…as corridas propriamente ditas, entravam: nos jogos do Lenço, na apanhada e pouco mais.

Até que um dia…alguém acendeu a luz a este país. O país abriu-se, ficou mais alegre, mais humano e começou a desenvolver-se. Apareceu um movimento que tinha como lema: "O Desporto para Todos" ou o "Desporto à Porta de casa", não fui insensível e fui "contaminado". Com um grupo de amigos começámos a treinar (a esta distância reconheço que começámos muito mal), as provas foram aparecendo e desde o princípio de 1975 que pratico a corrida.

Qual a primeira corrida?

Sinceramente não me lembro. Certamente terei participado em mais de 600 corridas. Todavia, só dez anos mais tarde comecei a registar as corridas em que participo, por via disso, posso afirmar que desde Setembro de 1985 até 24 de Abril de 2008, participei em 424 corridas, tendo percorrido 4 690 metros e recebido imensas lembranças, entre as quais 309 camisolas!

O que me custou mais?

O início foi algo penoso, por ignorância, por falta de apoio material, pela qualidade do material…os mais velhos perceberão o que eu estou a relatar, aos mais novos, se por ventura virem fotografias de há 30/35 anos, facilmente perceberão o que eu estou a tentar dizer-lhes. Os tecidos, secos já eram pesados, imaginem depois de suados…os sapatos de corrida idem idem. Pertencer a um clube pobre de bairro que, apesar de ter algumas pessoas empenhadas e generosas, pouco mais nos podia dar. O país estava atravessar uma crise política e, por consequência, económica. E assim, só a força da juventude, a paixão que a pouco e pouco se apodera de nós, os resultados que vão melhorando prova após prova, superou todos esses obstáculos e me fez "resistir" até hoje (e espero por muitos mais anos).
Hoje tudo é diferente, há mais e melhores condições de treino, há mais conhecimentos, e se houver calma e paciência a introdução na corrida poderá ser indolor. Começar com uma hora de corrida contínua, como eu comecei, hoje é impensável. Há que alternar: corrida ligeira com marcha, retirando pouco a pouco a marcha chegando ao ponto de se fazer a tal hora de corrida contínua com prazer…

Meu maior sonho?

Tive vários. O primeiro foi entrar para um grande clube. Em Setembro de 1976 fui prestar provas ao Estádio do Restelo a fim de entrar para o C. F. "Os Belenenses" e fui aprovado. Convém recordar que naquela época aquele clube atravessava um mau bocado e os subsídios para os atletas eram fracos, logo o quadro de atletas não podia ser muito forte, daí o meu recrutamento. Porém, três meses depois surgiam-me problemas nos joelhos e foi detectado um problema congénito nas rótulas e tive que ser operado aos joelhos e lá se foi o meu primeiro sonho…

Dez anos depois, comecei a sonhar com a maratona. Face à retirada de dez por cento das minhas rótulas, a intensidade de treino, necessariamente, abrandou e a maratona era mesmo um sonho. Contudo, pensei: com mais ou menos dores, tenho que fazer uma maratona. E como só posso fazer uma, e como bom português, quero fazer menos de três horas… depois de 1000 km de intensos treinos durante longos três meses, participo na Maratona de Lisboa a 6 de Novembro de 1988, as condições climatéricas não podiam estar piores para se fazer uma maratona: frio, chuva e sobretudo vento, o tempo a passar e nenhuma marca de passagem a ser cumprida, ainda me lembro da légua dos 30/35 km na 24 de Julho com vento contra…eu estava a valer 2h55, mas o objectivo era baixar as 3 horas, nem que fosse 2h59m59…naquelas condições saiu 3h02m10s e lá se foi mais um sonho…mas o prazer de completar uma maratona ficou cá, é inesquecível, inenarrável, só quem já transpôs aquela linha final compreende o que estou a dizer...

Próximo sonho: correr até aos últimos dias da minha vida…

Um Abraço e até um dia destes por aí nalguma prova!

Orlando Duarte

E ainda nos queixamos dos dias de hoje!!
Obrigada e concerteza iremo-nos ver por aí, será um prazer.
Beijinho
Fátima

2 comentários:

Jorge Cerqueira disse...

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Olá amiga Fátima obrigado pela msg, mais amiga como eu lhe disse na msg anterior nós corredores temos que adaptar o nosso corpo para esses tempos malucos que fazem na corrida. E com isso só temos que fazer uma coisa é treinar. Amiga muito legal essa história desse seu amigo Orlando Duarte esse cara é um fenômeno ele já correu 600 corridas, na casa dele não deve ter espaço mais para medalhas e troféus. Também quero que o meu sonho seja assim correr até os últimos dias da minha vida.
Valeu minha amiga, boa semana para vc e boas corridas.
Um abraço,
JORGE
www.jmaratona.blogspot.com

luis mota disse...

Olá Fátima!
Antes de mais obrigado pela opinião no tomaracorrida.
O Orlando tem uma verdadeira história de vida.
Os sonhos não se perdem para quem por eles luta. Essa força de vontade vai permitir conseguir atingir gandes objectivos que permitirão ter bons sonhos.
Numca corri a maratona nem sei se irei conseguir, com trabalho talvez venha a tentar.
Parabén Orlando, boa semana para todos e... boas corridas
Grande abraço,
Luís Mota